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  • Foto do escritorMV Giovana F. Esmanhoto Arazaki

Guia do cocô: entenda as fezes do seu cão!



Você costuma prestar atenção nas fezes do seu cachorro?


Pois saiba que isso é muito importante para perceber como anda a digestão do seu pet. Eu até brinco que a comida e o cocô tem tudo a ver um com o outro, por isso é tão importante ficar de olho em como eles estão saindo em todas as fases da dieta.



Sendo assim, criei este guia para você notar os sinais de alerta que o cocô do seu cachorro pode dar. Antes disso, é preciso enfatizar que a dieta natural não deixa o cocô do pet mole. Se o paciente está bem adaptado a comida, elas vão ser maravilhosas, sem cheiro forte ou formato esquisito.


Ou seja, se o cachorro está com o intestino equilibrado, as fezes vão ser lindas, independente da dieta. Caso isso não aconteça, é necessário falar com um veterinário ou nutricionista veterinário, para que seja dada uma atenção especial ao intestino do seu cão.



Formato


A primeira coisa em que é preciso ficar atento é ao formato das fezes. Inclusive, para isso, existe uma escala para classificá-las, chamada de Escala de Bristol. Por exemplo, os formatos 3 e 4 são considerados os “ideais” porque o cocô tem o formato cilíndrico, uniforme e sem variação. Além disso, as fezes são consideradas saudáveis se não tem pedaço de comida ou muco.


A escala de Bristol é uma referência para classificar o formato das fezes

Agora, a partir do momento que ela sair em formato de bolinhas e duras, como o cocô de um cabrito, significa que elas estão ressecadas e que o intestino do cão não está funcionando corretamente. Por isso, é necessário ajustar a dieta para que elas voltem a ficar em um formato saudável.


Uma dica é aumentar a ingestão de água e alimentos que tenham a quantidade de fibras adequadas, como o mamão.


Já se acontecer o contrário e as fezes aparecerem moles ou líquidas, é preciso investigar a causa. As vezes isso significa que o cachorro está com alguma infecção bacteriana, como a giardíase ou a parasitose. Nesse caso, também é preciso ajustar a dieta e identificar o que está interferindo no formato.


Por fim, em relação ao formato, se ele ficar oscilante, ou seja uma hora está mole e outra hora duro, mesmo com o cão comendo sempre a mesma coisa, isso pode ser um sinal de disbiose, ou seja, um desequilíbrio na flora intestinal. Se isso acontecer, é necessário procurar um veterinário para regular a situação.



Pedaços de comida


Primeiro vamos entender uma coisa: cães são carnívoros e tem pouca habilidade em digerir vegetais. Para que eles consigam digerir esses alimentos, eles precisam ser previamente processados, seja cozinhando ou triturando.


Se você cozinhou a comida e mesmo assim vieram pedaços deles nas fezes, isso não é normal. Quando aparecem aqueles pontinhos coloridos, significa que aquela comida, como os vegetais, saíram sem ser digeridos, ou seja, do jeito que entraram.


Sendo assim, é necessário ajustar o processo de digestão. Uma das opções é cozinhar mais ou triturar aquele alimento. Isto porque os cães são carnívoros, então é esperado que não vão digerir bem a proteína vegetal, por isso os ajustes são necessários.


Mas se mesmo assim os vegetais continuam saindo em pedaços, isso indica que o cão tem alguma dificuldade de digestão, como por exemplo, uma insuficiência pancreática exótica - uma disfunção no pâncreas que não está produzindo as enzimas adequadas para a ingestão da comida. Nesse caso, é importante procurar um veterinário clínico.


Agora, se você deu um pedacinho de cenoura crua pro seu cão, só pra dar um petisco saudável, e notou que saiu nas fezes, não é um problema. Saiu em pedacinhos justamente porque foi dado cru!


Mas se aquele vegetal realmente faz parte da dieta (não é um petisco), então é interessante que ele seja bem digerido e absorvido.



Muco nas fezes


Ficar atento à presença de muco nas fezes também é importante. Se ele aparece na primeira semana em que ocorre a transição da ração para comida, isso é normal. Porém, se ele persistir, é preciso intervir.


Esse muco pode aparecer por um excesso de fibra na dieta, como por exemplo muitos vegetais crus para um paciente com digestão mais sensível ou uma quantidade grande de folhas, quiabo ou abóbora. Ingredientes que são interessantes para colocar na dieta, mas que é preciso ter cuidado na quantidade.


Mas se não caso do seu pet você não consegue relacionar com nenhum desses exemplos, e ele ainda apresenta outros sinais como barulhinho na barriga, gases ou fezes amolecidas, pode ser que seu cão tenha uma sensibilidade alimentar. Vale aquela visita ao veterinário para investigar o que está acontecendo.



Cor das fezes


Em relação a cor das fezes, se a tonalidade dela muda como um todo, ou mesmo parcia, não é um problema. Isso às vezes acontece dependendo do tipo de comida. Por exemplo, quando nós servimos beterraba, elas vêm mais escuras. Agora, se der folhas verdes, ela tende a vir mais verdinha. Ou seja, é apenas o pigmento da comida que está saindo ali. O mesmo acontece quando o cão come abóbora ou batata salsa.


Porém algumas alterações de cor são patológicas, como fezes excessivamente amareladas indicando alteração no pâncreas ou fezes avermelhadas indicando presença de sangue e possível infecção.



Parasitas


Outro item que pode aparecer nas fezes são "pontinhos/pedacinhos" brancos, indicando a presença de vermes e é necessário o tratamento.



Fique atento!


Pra resumir, as fezes estão saudáveis quando:

apresentam formato cilíndrico, são regulares, não tem muco nem pedaços de comida, nem sangue e apresentam cor amarronzada.


É importante lembrar que se todas essas alterações citadas acontecem de uma forma pontual, não é de se preocupar. Ou seja, às vezes as mudanças acontecem devido a uma transição alimentar brusca, uma contaminação bacteriana, uma porcaria qualquer que o cão achou no chão e comeu ou mesmo infecção - coisa que qualquer cão está sujeito.


Geralmente esses quadros melhoram sozinhos ou quando necessário, é feito um tratamento sintomático pontual.


Mas, se esses sinais são recorrentes, em que volta e meia as fezes do cão ficam desestabilizadas, alternando entre firme e mole, esse é um indício de que tem algo a mais acontecendo e já de forma crônica.


As suspeitas são que o cão pode ter uma disbiose avançada (desequilibrio da microbiota intestinal), má digestão por mal funcionamento pancreático, intolerância alimentar ou mesmo doença intestinal inflamatória.


Por isso, é necessário investigar a raiz do problema e encontrar uma dieta na qual o cão se adapte melhor, com o auxílio de um veterinário!




MV Giovana F. Esmanhoto Arazaki

Médica Veterinária

CRMV-PR 15.170

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